Desde que as dosagens sejam respeitadas e que haja acompanhamento médico, quem tem diabetes pode tomar creatina normalmente. Mas só aquelas que não possuem carboidratos na composição!
A segurança dos suplementos alimentares tem sido alvo de polêmicas, debates e diversos estudos científicos. A existência de doenças como o diabetes, por exemplo, faz muita gente se questionar se pode ou não consumir suplementos proteicos como a creatina.
A creatina é uma substância naturalmente encontrada no corpo humano e presente em algumas fontes alimentares, sendo popularmente usada como um recurso para melhorar o desempenho nos exercícios de força e aumentar a massa muscular, gerando hipertrofia.
A precaução em relação ao uso de creatina por diabéticos se justifica pela necessidade de um controle rigoroso dos níveis de glicose sanguínea, que podem ser afetados pelo uso do suplemento.
Estudos buscam definir se a creatina interfere na glicemia. Muitos apontam que a suplementação consciente não é prejudicial e, inclusive, há benefícios da creatina para diabéticos. Vamos entender melhor?
Pontos principais
- O diabetes não impede o uso de creatina, mas requer cuidados;
- A creatina pode reduzir os níveis de açúcar no sangue e tem ação antioxidante quando integrada corretamente no tratamento da doença;
- Pacientes diabéticos que querem fazer uso de creatina devem investigar como está o funcionamento renal, cuidar da hidratação, praticar exercícios físicos com frequência e monitorar a glicemia.
Entendendo a creatina
A creatina é uma substância natural encontrada no corpo humano, principalmente nas células musculares. Ela desempenha um papel vital no metabolismo energético, facilitando a produção e o uso de energia durante atividades de alta intensidade e curta duração.
No corpo humano, a creatina é sintetizada a partir de três aminoácidos: glicina, arginina e metionina. Este processo ocorre no fígado, nos rins e no pâncreas e segue para os músculos por meio da corrente sanguínea.
Entre os principais efeitos da creatina no organismo, vale destacar:
- Aumento de energia: ajuda a regenerar o Adenosina Trifosfato (ATP), fonte direta de energia para as contrações musculares;
- Massa muscular: contribui para o aumento da massa muscular, por meio do suporte às funções celulares em exercícios de resistência;
- Biologia molecular: influencia os processos biológicos que promovem a síntese de proteínas e diminuem a degradação muscular.
Creatina e diabetes
O uso de creatina por diabéticos ganhou destaque somente nos últimos 10 anos e várias descobertas foram feitas nesse período.
A relação entre creatina e diabetes possui estudos explorando como essa substância afeta a função insulínica e a ação da creatina no controle glicêmico, eventos que dizem muito sobre a saúde de qualquer pessoa, diabética ou não.
Ação da creatina no controle glicêmico
Pesquisas indicam que a suplementação com creatina estimula a secreção de insulina e a captação de glicose nas células. Para pacientes com diabetes, esse processo é fundamental na manutenção dos níveis normais de glicemia no sangue.
Um estudo intitulado Suplementos para Diabéticos, o que podem e o que não podem consumir? sugere que, em condições de diabetes controlada, a creatina não altera negativamente o controle glicêmico, podendo até melhorá-lo em certas circunstâncias.
Efeitos sinérgicos da creatina e do exercício em diabéticos
A combinação da creatina com treinamento físico tem efeitos benéficos no tratamento da diabetes. Afinal, sabemos que a suplementação potencializa os efeitos do exercício na saúde e no ganho de massa muscular, elementos importantes no manejo da doença.
Segundo esta pesquisa, a prática regular de exercícios físicos associada à suplementação de creatina reduz os riscos de complicações da diabetes, como a doença renal crônica, por meio de um melhor controle metabólico.
Essa intersecção entre creatina, diabetes e exercício sugere um potencial terapêutico relevante, mas é importante um acompanhamento médico efetivo para garantir um tratamento seguro e apropriado.
Precauções para pacientes com diabetes
Pacientes com diabetes devem adotar algumas precauções ao considerarem a suplementação com creatina:
- Avaliação renal: o funcionamento dos rins deve ser avaliado regularmente, pois a creatina é filtrada por eles e, em doses elevadas, consegue aumentar a creatinina sérica, um marcador de função renal;
- Monitoramento glicêmico: devido ao impacto da creatina na glicemia, é importante que pacientes diabéticos verifiquem a glicose com mais frequência e ajustem as doses de medicação conforme necessário;
- Dieta e hidratação: uma dieta equilibrada e uma boa hidratação são fundamentais. Nutrientes específicos e a ingestão adequada de líquidos ajudam na manutenção da saúde renal e no controle da glicemia;
- Acompanhamento profissional: um nutricionista deverá fornecer diretrizes nutricionais que maximizem os benefícios da creatina sem comprometer o controle glicêmico.
Como um diabético pode tomar creatina de forma segura?
Diabéticos devem adotar medidas específicas para usar a creatina de forma segura:
- É necessário avaliar possíveis riscos associados ao suplemento;
- A dosagem de creatina ideal para um paciente diabético deve ser de 3 e 5 gramas/dia;
- Para assegurar que a ingestão de creatina não interfira no equilíbrio glicêmico, é necessário realizar exames como glicemia total, hemoglobina glicada e triglicerídeos com mais frequência;
- A inclusão da creatina na rotina do diabético deve acompanhar um plano de exercícios físicos e dieta regrada;
Pessoas diagnosticadas com a doença devem se manter bem hidratados ao tomar creatina. Conforme a OMS (Organização Mundial da Saúde), uma pessoa diabética deve tomar pelo menos 35 ml de água por quilo corporal diariamente.
Perspectivas científicas e o futuro do uso de creatina em diabéticos
Estudos atuais indicam que a creatina auxilia na estabilização dos níveis de glicose no sangue, sendo benéfica para pacientes com diabetes. A equipe de Carol Netto, da UFRN (Universidade Federal do Rio Grande do Norte), por exemplo, realiza pesquisas que buscam entender a extensão desses benefícios e possíveis implicações clínicas a longo prazo.
Os primeiros resultados apontam:
- Impacto metabólico: a creatina altera a gliconeogênese, processo fundamental no metabolismo da glicose;
- Estudos clínicos: estão em progresso para avaliar a segurança e eficácia do suplemento em diabéticos tipo 2.
O futuro do uso de creatina em diabéticos é promissor, mas outras pesquisas são necessárias para consolidar esses achados e estabelecer protocolos específicos de tratamento.
Pontos de vista divergentes e por que as opiniões variam
A suplementação com creatina em pacientes com diabetes também apresenta opiniões divergentes entre os especialistas, principalmente devido às reações individuais, que podem variar seguindo o metabolismo de cada pessoa e a interação que o suplemento pode causar nos níveis de glicose sanguínea:
- Interação com a glicose: a creatina influencia como o corpo lida com a glicose. Esta interação pode afetar os níveis de açúcar no sangue, ponto crucial em pessoas com diabetes;
- Influência na função renal: como a creatina é metabolizada nos rins, isso gera um debate sobre a segurança do seu uso a longo prazo em pessoas diabéticas, uma vez que elas já possuem risco de doença renal crônica aumentado;
- Pesquisas científicas variadas: há estudos que defendem a falta de evidências para formar uma conclusão definitiva sobre o uso de creatina por diabéticos;
As opiniões divergem porque as pesquisas científicas ainda não chegaram a um consenso final e pelo potencial de reações do suplemento, que podem variar significativamente entre indivíduos. É por isso que a decisão de usar ou não a creatina deve ser tomada mediante aprovação médica.
Considerações finais
Quem tem diabetes pode ingerir creatina, desde que respeite as dosagens máximas consideradas saudáveis e faça o monitoramento constante dos possíveis efeitos colaterais da creatina e exames relacionados a função do pâncreas e dos rins.
É preciso ter cautela com a suplementação de creatina, considerando as nuances da doença e o impacto no metabolismo da glicose. Alguns estudos apontam que a creatina atua de forma antioxidante e hipoglicemiante. Outras evidências sugerem uma relação positiva entre o consumo de creatina e melhorias no perfil de saúde de diabéticos, como apontado na pesquisa sobre sua ação antioxidante e capacidade de atuar como um “tampão energético”.
A avaliação do risco de doença renal crônica em diabéticos é outro ponto-chave, uma vez que a creatina é metabolizada pelos rins e o uso não orientado poderia comprometer a função renal.
Leia também nosso guia completo sobre creatina e saúde.
Perguntas frequentes
Tem açúcar na creatina?
Não, a creatina é um composto de aminoácidos e não possui açúcar em sua composição. Contudo, algumas marcas têm carboidrato na fórmula, o que requer cuidados para quem é diabético.
A creatina pode aumentar o risco de diabetes em pessoas saudáveis?
Não há evidências científicas suficientes que indiquem que a creatina aumente o risco de desenvolver diabetes em pessoas saudáveis.
Quais são os possíveis efeitos colaterais da creatina em pessoas com diabetes?
Alguns efeitos colaterais da creatina podem incluir desconforto gastrointestinal e possível alteração nos níveis de glicemia, o que exige atenção para pessoas com diabetes.
A creatina é benéfica para pessoas com diabetes?
A creatina pode oferecer vários benefícios para pessoas com diabetes, como uma ajuda no controle glicêmico e o aumento da disposição e força.